sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Técnico-personagem

por Vinícius Souto

Dirigir um time de futebol é difícil. Mas pode ser fácil se o time colaborar. No Brasil, estabilidade não é comum no vocabulário dos técnicos. A pressão da torcida, dos dirigentes e dos jogadores são capazes de fazê-los desempregados. Alguns até contam com a blindagem da mídia esportiva ou de um passado vitorioso. Porém, nem sempre bastam.

Existem tipos variados e peculiares de técnico. Por exemplo, Emerson Leão é daqueles que gosta de aparecer mais que o time. Com frases irônicas e muitas vezes incompreensíveis, não perde a chance de polemizar. Promovido a técnico de ponta quando surgiu com Robinho e Diego no Santos, 2002, hoje deixa dúvidas. Há quem diga que Leão salvou o Corinthians do rebaixamento em 2006 ou que levou o Atlético Mineiro à Copa Sul-Americana de 2008. Nesse ano, começou mal no Campeonato Paulista. Ele justifica: culpa do que sobrou da era Luxemburgo.

Wanderley Luxemburgo representa o estilo “executivo da bola”. A beira do gramado ficou pequena pra ele. Dá pitacos das categorias de base às decisões nas altas cúpulas dos clubes. É o famoso manager e ganha muito por isso. Dirigiu o Real Madrid e retornou com o rabinho entre as pernas. No Palmeiras, vai mal, mas não admite. “O time está formando uma identidade”. Não duvido, Luxemburgo é sabido e é o Luxemburgo.

Muricy Ramalho, do São Paulo, é do tipo rabugento, pra não dizer mal educado. Ele rebate: é seriedade. Na trajetória recente traz títulos e vices. Assinou contrato até 2009 com o time do Morumbi, fato raro. Não se cala durante os jogos, a não ser tomado pela gripe, como no jogo contra a Ponte Preta pelo Campeonato Paulista. A falta de simpatia com os jornalistas é amenizada por sua eficiência. Só ri quando a “piada é boa”. Esse começo de ano, definitivamente, não é de dar risada.

Mano Menezes é jovem perto dos outros medalhões do futebol brasileiro. É visto como ressuscitador. Salvou o Grêmio da segundona e agora carrega o fardo de trazer o Corinthians à elite. Seus pedidos de contrações foram atendidos, quase 15. Fala pouco, fala bem e não foge da raia. O time ainda não se acertou, mas, calma, Campeonato Paulista é “laboratório”. A Fiel torce para que os “ratinhos” se desenvolvam.

“Jogador da night“ tornou-se expressão conhecida devido aos atletas baladeiros. Renato Gaúcho era um deles e como técnico evita a hipocrisia. Continua. Carioca, do futvolêi, língua afiada, vem construindo carreira regular e conta com a confiança dos dirigentes no Fluminense. Balada? Aproveito, então, pra lembrar de Romário. Protagonista de mais uma obra do “fanfarrão” Eurico Miranda, não durou muito na condição de jogador-técnico-astro-baixinho-milgols. Inovou com treinos noturnos, ou “morcegos”, como apelidou, se escalou e dispensou jogadores. Contudo, na primeira discórdia com Eurico, escalar ou não o atacante Allan Kardec, pendurou a prancheta. Romário falou, tá falado.

Exemplos não faltam. Joel Santana atravessa boa fase no Flamengo, é tradicional, trabalha à moda antiga. Abel Braga não abandona o chicletinho, grita forte e tem bom comando no Internacional; no Internacional. Felipão, casca-grossa, mais um produto brasileiro transferido pra Portugal, retranca, bate e é bem visto. Antonio Lopes anda sumido. Nelsinho Baptista, a alternativa à alternativa, também. O desconhecido Jorvan Vieira é rei no Iraque, ganhou a Copa da Ásia. Parreira carrega um bom currículo e a praga, afundou agora a África do Sul; se a casa cair, ele ministra palestras.

Pra não dizer que esqueci. Dunga, marinheiro-de-primeira-viagem, é inovador, inventor e lacônico. Sério como nos tempos de volante. No comando da seleção, quebra paradigmas. Convoca o inesperado, dá esperança pro esquecido, vê e não vê quem merece. Para o Bobô, é uma mãe.

2 comentários:

Anônimo disse...

ótimo texto. leve e claro. esse cara escreve muito.

parabéns ao blog.

Anônimo disse...

Vinícius mando bem.
Muito bem escrito. E ótimas piadinhas hauhahaua

Beijo
parabéns pelo texto